O amigo Roberto Almeida nos brinda hoje com uma análise sóbria, despida de paixões, sobre o resultado das últimas eleições em vários municípios da nossa região. Acompanhem a análise, e observem o que esse renomado jornalista do nosso estado fala de Bom Conselho.
Recado aos Prefeitos
Conversei rapidamente, hoje pela manhã, com o advogado João Campos, ex-secretário municipal em Garanhuns e Lajedo. Ao perguntar o que achou das eleições, especialmente em Lajedo e São Bento do Una, ele respondeu objetivamente: "O eleitor quis mandar um recado aos prefeitos". Concordo com ele. Tivemos recados pra todo lado nas eleições do dia três de outubro. Garanhuns mais uma vez votou de forma dividida, por aqui ninguém é dono da vontade do eleitor. Falta uma grande liderança política e tem uma fatia para meio mundo: Zé da Luz, Izaías, Luiz Carlos, Silvino, Sivaldo, João Guido, os vereadores Dimas, Marcelo e Silvio...
Os moradores de São Bento do Una e Lajedo mostraram claramente que não estão muito satisfeitos com os prefeitos dos dois municípios. Padre Aldo venceu duas eleições com mais de oito mil votos de frente e agora perdeu na disputa de deputado estadual para o vereador Wasghinton Cadete, que foi majoritário com Alberto Feitosa. O deputado Macantônio Dourado, que já teve de 8 a 10 mil votos em sua terra, disputando contra Adelmo Duarte, este ano somou pouco mais de 6 mil, enquanto a oposição apoiando um "forasteiro" totalizou mais de 4.587 mil votos. No primeiro município Wasghinton é forte candidato a prefeito e no segundo, surgindo um nome novo, ou mesmo Pedro Melo, as oposições podem dar trabalho a Antônio João Dourado se ele não der uma guinada em sua administração.
Mesmo em Caetés, apesar do forte domínio de Zé da Luz, houve a meu ver uma ligeira sinalização de que o povo está cansando. Ana Arraes teve pouco mais de 6 mil votos para federal. O ex-prefeito teve a mesma coisa que a mãe do governador. Eu esperava que ele tivesse oito por lá. Caso não passe pelo TSE vai chegar em 2012 desgastado e o outro lado pode dar trabalho. É bom lembrar que a última eleição, com Aécio como candidato, foi decidida por 500 e poucos votos.
Em duas cidades do Agreste, os prefeitos deixaram evidente sua liderança. Marco Calado, de Angelim, e Álvaro Porto, de Canhotinho, não somente fizeram seus majoritários, mas permitiram que Serra e Jarbas tivessem seus melhores índices na região. Não é fácil em Pernambuco ser contra Lula, um verdadeiro Padre Cícero para muitos, e dar votação expressiva à oposição.
Dois dos prefeitos da região assumiram em situações semelhantes: Judit Alapenha e Dudu, em Bom Conselho e Capoeiras, pegaram prefeituras na pior situação possível. Moradores e funcionários públicos viciados, dívidas com a previdência, sucateamento da saúde e educação e uma dúzia ou mais de pendências junto ao Governo Federal, impedindo os municípios de receberem recursos extras da União. O prefeito e a prefeita, mais sérios que seus antecessores, rejeitando o fisiologismo desenfreado, comeram o "pão que o diabo amassou". Foram dados como liquidados politicamente e muitos imaginaram que iriam perder vergonhosamente a eleição. Aconteceu o contrário: Judit e Dudu deram maioria de votos a seus candidatos, numa clara sinalização do eleitor que está entendendo a mudança. Faltam ajustes, claro, porém nos dois anos que têm pela frente têm tudo para se consolidar, realizar mais em termos administrativos e sepultar de vez as velhas lideranças.
Acredito que esses foram alguns dos recados dessas eleições. Existem outros, é óbvio. Cada um dos nossos leitores, os companheiros bloggers, os jornalistas e radialistas da cidade podem aprofundar o assunto. Uma das vantagens da internet é essa: escrevemos alguma coisa e outras pessoas vão completando, preenchendo lacunas de modo que a análise se complete. Política é um processo muito dinâmico, já se sabe, e quem não está atento a isso termina "dançando".
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